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The Spanish Inquisition - Henry Kamen

[L-055] A Inquisição matou milhões de pessoas mesmo?



A difamação anticatólica propagada em filmes, nas escolas, nos shows de TV, continua explorando lendas urbanas e mitos, como o da venda de indulgências e o mito da Inquisição. Os dois livros mais importantes para compreender essa questão são o do Henry Kamen, “The Spanish Inquisition”, e o do Edward Peters, “Inquisition”.


O primeiro mito é o dos instrumentos de tortura. Esses instrumentos de tortura da Inquisição são todos inventados. Os historiadores profissionais do mundo sabem disso. Isso foi inventado, no séc. XVIII – XIX, para fins de propaganda.


Essa foi uma das conclusões, por exemplo, do Congresso feito em 1998, a pedido do Papa João Paulo II, que reuniu os maiores historiadores de Inquisição do mundo, que não eram católicos, havia católicos, judeus, protestantes, ateus, todos misturados. Esse congresso foi registrado no livro, editado pela Biblioteca Apostólica do Vaticano, em 2003: "L'Inquisizione. Atti del Simposio internazionale, Città del Vaticano, 29-31 ottobre 1998”, o autor-editor chama-se Agostino Borromeo.


O segundo mito é a ideia de que “a Inquisição matou milhões de pessoas”. Na verdade, a Inquisição Espanhola matou 20.000 pessoas, em 400 anos, em 12 países... A Reforma, em 1 ano, matou o dobro disso, só na Inglaterra. No entanto, o mito está aí.

No Império Romano, os delitos religiosos eram punidos pelo estado. Antes de Constantino, se você dissesse algo contra a religião estatal romana, você ia preso e podia ser condenado à morte. Depois de Constantino, eles continuaram a fazer a mesma coisa, só que agora o pretexto era o cristianismo.


Mas isso era o estado que fazia, a Igreja não tinha nada a ver com isso. Quando se criou a Inquisição, já no séc. XIII, foi para parar com isso. Porque as pessoas eram condenadas sem investigação nenhuma, era na base do Direito Romano, que era acusatório. No Direito Romano, o sujeito fazia uma acusação, e ela entrava diretamente em discussão pelo tribunal, e o sujeito era condenado ou absolvido.

A Inquisição institui a investigação preliminar, o que nós chamamos hoje de inquérito. Se você é acusado de alguma coisa na delegacia de polícia, isso não vai para a Justiça direto. Você não está sendo processado, tem o inquérito primeiro. Só se o inquérito confirmar, com probabilidade razoável, a existência do crime e a sua culpabilidade, é que você vai ser processado. Enquanto está no inquérito, você não tem perigo de ser punido por coisa nenhuma, você está apenas sendo investigado. A Inquisição introduz isso no direito.


E hoje nós entendemos que é um elemento básico dos direitos humanos. Quer dizer, não é porque você foi acusado, que existe um processo contra você. Na fase de inquérito não existem réus, existem suspeitos. Para você passar da condição de suspeito para a de réu é um salto tremendo.


É por isso que, das acusações apresentadas à Inquisição, a quase totalidade não virava processo, acabava ali no inquérito. A Inquisição foi um passo enorme na luta pelos direitos humanos. Antes da Inquisição tinha muito mais gente condenada, condenada sem investigação.


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