Minha Infância e Mocidade - Albert Schweitzer.
- Luís Alberto C. Caldas

- 13 de set.
- 2 min de leitura
[L-046] Uma boa narrativa para aprender a fazer o exame de consciência
A essência da confissão é a atenção aos próprios atos e ao que ocorre em nosso mundo interior, é estar não apenas consciente, mas consciente da própria consciência, notando o que nela se dá.
Um bom livro para enxergar como isso ocorre na prática (e aprender com quem muito exercitou essa habilidade ao longo da vida) parece ser o Minha Infância e Mocidade, de Albert Schweitzer.
Como comenta Olavo de Carvalho, em "Sem testemunhas" (jornal O Globo, 22 de julho de 2000):
"Albert Schweitzer, em Minha infância e mocidade, lembra o instante em que pela primeira vez sentiu vergonha de si. Ele tinha por volta de 3 anos e brincava no jardim. Veio uma abelha e picou-lhe o dedo. Aos prantos, o menino foi socorrido pelos pais e por alguns vizinhos. De súbito, o pequeno Albert percebeu que a dor já havia passado fazia vários minutos e que continuava a chorar só para obter a atenção da plateia. Ao relatar o caso, Schweitzer era um septuagenário. Tinha atrás de si uma vida realizada, uma grande vida de artista, de médico, de ĕlósofo, de alma cristã devotada ao socorro dos pobres e doentes. Mas ainda sentia a vergonha dessa primeira trapaça. Esse sentimento atravessara os anos, no fundo da memória, dando-lhe repuxões na consciência a cada nova tentação de autoengano.
Notem que, em volta, ninguém tinha percebido nada. Só o menino Schweitzer soube da sua vergonha, só ele teve de prestar contas de seu ato ante sua consciência e seu Deus. Estou persuadido de que as vivências desse tipo — os atos sem testemunha, como costumo chamá-los — são a única base possível sobre a qual um homem pode desenvolver uma consciência moral autêntica, rigorosa e autônoma. Só aquele que, na solidão, sabe ser rigoroso e justo consigo mesmo — e contra si mesmo — é capaz de julgar os outros com justiça, em vez de se deixar levar pelos gritos da multidão, pelos estereótipos da propaganda, pelo interesse próprio disfarçado em belos pretextos morais".
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