Meditações Metafísicas - René Descartes
- Luís Alberto C. Caldas

- 13 de set.
- 2 min de leitura
[L-044] Precaução antes de ler Meditações Metafísicas
"(...) eu examino a estrutura interna das Meditações Metafísicas de René Descartes e me pergunto: “O que ele está querendo realmente fazer ali? Do que se trata efetivamente? Qual é o problema que ele está discutindo?". Eu pego cada ideia que ele está colocando lá e procuro o seu equivalente na experiência; procuro preencher aquilo com conteúdo imaginativo. (...)
Nós sabemos apenas “o que” René Descartes estava falando, nós não sabemos o “do quê”. Muitas vezes o autor, ou filósofo, não quer que você saiba de que experiência ele está falando: ele pega a experiência, a transpõe numa ideia, num esquema lógico, e quer que você olhe somente isso, ou seja, no fundo, ele não quer que você entenda o “do quê” ele está falando.
Neste caso, a ideia começa a funcionar como uma força hipnótica: ela tem de ser apreciada em si mesma, sem referência à realidade. (...) Por exemplo, ele tem a proposta da dúvida radical: a dúvida radical é ficar em dúvida sobre tudo, colocar tudo entre parênteses, até você ter alguma confirmação.
Daí eu perguntei se na experiência real alguém pode fazer isso. É claro que não pode. A dúvida geral é logicamente impossível e psicologicamente inalcançável, porque, para você formular uma única dúvida, você tem de se basear em alguma certeza prévia. Se todas as coisas forem duvidosas, você não consegue formular a dúvida.
Uma coisa só é duvidosa porque ela contrasta com outra que não o é. Descartes não teve a experiência da dúvida radical; ele diz que teve, mas isso não é possível. Ali você tem uma fórmula filosófica que, em vez de elaborar, encobre uma experiência e lhe dá um nome diverso.
Se a experiência que ele teve não foi a da dúvida radical, qual foi então? Se ele usa a expressão “dúvida radical”, mas eu sei que isso não existe na realidade, então ele não está usando essa expressão como um nome de uma coisa que existe (como nome de um fato ou de um estado real), mas como uma metáfora, uma figura de linguagem. A que esta figura de linguagem se refere?"
(Olavo de Carvalho. Curso Online de Filosofia, aula 5).
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