Aztecs: An Interpretation - Inga Clendinnen
- Luís Alberto C. Caldas
- há 4 dias
- 2 min de leitura
[L-064] Como um punhado de espanhóis conseguiu vencer o grande Império Asteca?
Como Hernán Cortez, com não mais de quinhentos soldados, muitos deles famintos e doentes após uma travessia oceânica que durava meses, lutando em um território inóspito que mal conheciam, poderia vencer tão rapidamente um império prodigiosamente rico e poderoso na América, o Império Asteca.
Haveria uma grande vantagem tecnológica nos armamentos? Não muita, Cortez desembarcou no México em 1519; nessa época, os mosquetes usados pelos espanhóis tinham que ser demoradamente recarregados a cada disparo (era preciso despejar pólvora, estopa, chumbo pelo cano para preparar a arma para o novo disparo). No tempo necessário, um guerreiro indígena habilidoso poderia disparar duas flechadas no invasor. E quanto aos canhões? A cidade de Tenochtitlán não estava localizada no litoral. É fácil imaginar os desafios de carregar canhões por longas distâncias, com florestas e montanhas pelo caminho.
E quanto aos germes, as doenças trazidas pelos espanhóis para as quais os nativos não tinham anticorpos? Certamente isso não bastaria para dar uma vitória rápida a um punhado de homens sobre um império inteiro.
A conclusão firmemente estabelecida pela historiadora australiana Inga Clendinnen (2014), em seu livro Aztecs: An Interpretation, é a de que Cortez foi hábil na atração de aliados. Segundo a autora, os astecas não eram os melhores vizinhos. Dominavam pelo terror as tribos em torno, obrigavam-nas a fornecer escravos e vítimas sacrificiais para os rituais de sua religião. O principal desses rituais consistia em imolar vítimas humanas, arrancando-lhes o coração e cortando-as em pedaços. Nos grandes festivais anuais, o número de imolações podia chegar a 20 mil.
Por isso, as tribos vizinhas viram vantagem em se aliarem à estranha gente branca que sabia como organizar um ataque e como vencer. Cortez unificou as tribos para um grande assalto conjunto à fortaleza asteca. Essa vitória não seria possível sem a habilidade de negociar alianças, mesmo conhecendo pouco os idiomas nativos, a história daqueles povos, seus medos e dores
Além disso, de acordo com a historiadora, conforme o hábito militar europeu, Cortez queria a rendição, mas seus aliados índios decidiram que só a total liquidação do adversário poderia livrá-los do perigo. Cortez nem quis nem ordenou a matança dos astecas.
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