Aprenda a ler 24
- Luís Alberto C. Caldas

- 18 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de set.
[P-011] Aprenda a diferença entre as palavras: coragem, bravura e valentia.
O hino nacional dos Estados Unidos, intitulado The Star-Spangled Banner (A Bandeira Estrelada), em seu último verso, chama o país de "terra dos livres e lar dos bravos". É um hino bem curtinho, escrito em linguagem simples, para tocar o coração de todos (quem desejar ouvi-lo, clique aqui).
Por que não diz "lar dos corajosos" ou "lar dos valentes"? Daria na mesma? Não, não daria. Coragem é a capacidade de aceitar o risco de sofrer por uma causa nobre, já bravura é a capacidade de aceitar o risco de morrer por uma causa nobre. Por isso, normalmente as medalhas militares são por bravura, não por coragem.
Há pessoas que aceitariam, por uma causa nobre, o risco de perder dinheiro, passar por dores e privações, sofrer humilhações, mas não aceitariam o risco de morrer. Essas são corajosas, mas não bravas.
Valentia, como mostra o dicionário Rocha Pombo, da Academia Brasileira de Letras, se aplica de propriamente ao indivíduo que, além de corajoso ou bravo, é forte no físico, robusto, habilidoso na luta. Isto é, uma pessoa pode ser corajosa ou brava, sem ser forte e hábil; mas o mesmo não acontece com a valentia.
Portanto, todo valente é corajoso; todo bravo é corajoso, porque a disposição de morrer abarca a disposição de sofrer; mas nem todo corajoso é bravo ou valente.
Como vimos, o último verso do hino diz que o americano típico não é apenas corajoso, é mais que isso, é alguém disposto a morrer por uma causa nobre. O hino também não diz que o americano típico é valente, porque seria impossível. Entre velhos, por exemplo, pode haver muitos bravos, mas não muitos valentes. Dizer que o cidadão típico é valente talvez fosse possível apenas da Esparta da antiguidade, que era uma sociedade voltada para a guerra.
Essas distinções são tremendamente importantes, porque senão a cada palavra cujo sentido próprio desconhecemos, perdemos um pouco da informação que nos estão passando; e, quando nos expressamos, quer escrevendo quer falando, dizemos coisas diferentes das que pretendíamos.
Por exemplo, se buscarem traduções desse hino na Internet encontrarão pessoas que traduzem o trecho final como "terra dos corajosos", o que empobrece imensamente o significado; e pessoas que o traduzem como "terra dos valentes", o que não poderia ser verdade, na prática.
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