Aprenda a ler 12
- Luís Alberto C. Caldas

- 7 de set.
- 2 min de leitura
[F-007] Aprenda a ler a frase "A única certeza que temos na vida é a morte."
Para ler essa frase, como qualquer outra, precisamos fazer perguntas e compará-la com o que encontramos na realidade. A frase fala de modo literal, isto é, a morte é realmente a única certeza que temos? Ou é uma figura de linguagem?
Você tem certeza de que está lendo este texto? Tem certeza de que está onde está agora? Tem certeza de que comeu algo no almoço? Certamente. Então, de fato, temos outras certezas na vida, a frase não é literal, é um exagero, a figura de linguagem que chamamos de hipérbole.
Talvez, na verdade, a frase se refira somente às certezas que temos sobre o futuro. Mas mesmo sob esse aspecto ainda é um pouco exagerada, porque sabemos algumas coisas sobre o futuro também: Sabemos que ainda seremos seres humanos no futuro, que não viraremos uma batata ou uma tartaruga, por exemplo; sabemos que ainda teremos uma alma, mesmo que tenhamos morrido; etc.
Então, talvez a frase queira dizer algo um pouco mais restrito ainda, como: "quando estiver fazendo planos para o futuro neste mundo, não se esqueça de que não tem certeza de que estará vivo amanhã, e de que sabe com certeza de que um dia não estará mais aqui".
Mas, ainda que não tenhamos certeza de que estaremos vivos amanhã ou depois, não temos certeza também do dia no qual morreremos, por isso somos obrigados a fazer planos. Logo, a frase não deve ser um estímulo a não fazer planos, a uma vida do tipo "deixa a vida me levar...". Ela deve estar falando sobre o tipo de plano que devemos fazer.
Alguém pode fazer planos que sacrifiquem o sentido de sua vida no presente e as suas melhores perspectivas após a morte na busca de uma situação que lhe pareça melhor neste mundo (por exemplo, na qual obtenha muita riqueza ou poder). Esse tipo de plano é que a frase implicitamente reprova. Ela tenta lembrar que isso é loucura, porque pressupõe que a morte não virá ou , ao menos, que se saiba que ela virá muito tardiamente. E isso não é verdade.
A vida neste mundo é como os cem primeiros metros de uma maratona. Então, não empenhe toda a sua energia para vencer nesse pequeno trecho, como se a vida fosse uma competição de cem metros rasos. E, para tornar mais impactante a mensagem, usa uma figura de linguagem, a hipérbole, exagerando nossas incertezas.
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