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Turbine sua inteligência

Por que capacidade de expressão é a primeira coisa a desenvolver?

Atualizado: 5 de set.

[N-002] A capacidade de expressão é fundamento indispensável ao aprendizado. Este post explica o porquê.



Como Aristóteles já dizia, não pensamos diretamente com aquilo que vemos, sentimos, ouvimos etc. Isto é, com a nossa experiência concreta. Pensamos com a descrição que fazemos para nós mesmos da experiência. Pode ser uma descrição verbal, visual, musical, não importa; a experiência mesma passa, se perde, o que é retido na memória é a descrição.


Isto significa que, se formos capazes de descrever fielmente para nós mesmos as coisas e acontecimentos que presenciamos, teremos “materiais” de boa qualidade armazenados na memória com os quais poderemos pensar. Porém, se virmos uma coisa e descrevermos, não o que vimos, mas algo apenas parecido, estaremos condenados a pensar de modo vago, obtuso, quando não completamente errado mesmo.

Se formos capazes de descrever fielmente para nós mesmos as coisas e acontecimentos que presenciamos, teremos “materiais” de boa qualidade armazenados na memória com os quais poderemos pensar.

Numa analogia culinária, podemos comparar a capacidade de expressão com a aquisição de ingredientes de boa qualidade, enquanto o pensamento é comparável ao ato de cozinhar. Com ingredientes corrompidos, não é possível fazer bons pratos; sem descrição genuína das experiências, não é possível pensar bem.


Por isso, na educação de alto nível, o treino para descrever a realidade precede necessariamente a capacidade de pensar sobre ela. Isto é, antes de ser treinado para o debate e para a busca da verdade, o estudante deve ter alcançado uma capacidade de expressão escrita não muito distante da que têm os escritores profissionais.


Mas, como alcançar esse nível? A boa expressão, a expressão exata, depende de muitos fatores. Naturalmente, não há como abarcar todo o assunto num único post. Contudo, apenas a título de ilustração, avaliemos a importância da ampliação do vocabulário, que é um dos componentes mais elementares da capacidade de expressão.


A importância do vocabulário


Próximo ao meu apartamento, há um rio. Certo dia, uma garça andava-se por ele com a água nas canelas, tentando pescar alguma coisa. Três adolescentes vestidos com uniformes de uma cara escola particular local passavam por ali. Então tive a oportunidade de ouvir o seguinte diálogo:


Um dos garotos apontou o pássaro e disse: "Olha! Um ganso!"

Ao que outro garoto respondeu, dando-lhe um tapa na nuca: "Não é ganso, seu imbecil, é um gaivota!"


Isso significa que os garotos foram incapazes de reconhecer o que viram. Consequentemente, são incapazes de pensar ou aprender com a experiência. Isto é, se pensarem sobre o assunto, a conclusão a que chegarão será "Há gansos voando pelo Rio de Janeiro" ou "Há gaivotas caminhando nos rios, muito longe da praia, da zona norte do Rio de Janeiro".


Se quiserem saber mais sobre o pássaro que viram, pesquisarão sobre gansos ou sobre gaivotas. Se numa aula de biologia, o professor falar sobre gansos ou sobre gaivotas, pensarão em garças. Podem até aprender que garça, ganso e gaivota são palavras que se escrevem com "g", mas não terão a menor ideia de a que essas palavras se referem na realidade.


Por isso, ao longo dos séculos, sempre foi considerado óbvio que a habilidade com a linguagem deve ser a primeira a ser cultivada, pois ela constitui o meio básico para aprender tudo o mais. Há algumas décadas, essa verdade foi esquecida, no Brasil; com resultados funestos para a vida intelectual de algumas gerações de estudantes.


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