A Religiosa - Diderot
- Luís Alberto C. Caldas

- 14 de set.
- 2 min de leitura
[L-063] Precauções para ler esse livro.
Em seu romance A Religiosa, Diderot conta a história de uma pobre moça mantida num convento contra a vontade. O livro, publicado em 1796, expressava uma imagem (das freirinhas prisioneiras) que foi posta em circulação muito antes, e se tornou um dos símbolos dos crimes que a propaganda anticristã atribuía à Igreja. Durante a Revolução de 1789, o símbolo tornou-se crença literal. Muitos dos revolucionários que invadiam conventos, matando monges e freiras, acreditavam estar fazendo isso para libertar as virgens encarceradas .
Durante muito tempo, o mundo inteiro acreditou na versão de Diderot, que afirmava ter em seu poder a documentação completa do caso da irmã Delamarre, do convento de Longchamps. De fato, o dossiê, desaparecido por muito tempo, foi reencontrado em 1954 pelo pesquisador George May. Sua leitura mostra que Diderot estava ciente de que o empenho da Igreja Católica era afastar as falsas vocações, não as reter em seu meio; que a irmã Delamarre era a porteira do convento, tinha as chaves e podia entrar e sair quando quisesse; que ocorreu à irmã Delamarre sair do convento, viajar e retornar por sua própria vontade. Além disso, a correspondência entre Diderot e seu amigo Jacob Grimm mostra que o romancista “estourava de rir” (sic), com a falsificação meticulosa que ia armando em torno da história. Ademais, no período da Revolução Francesa conhecido como Reino do Terror, a irmã Delamarre fez parte de um grupo de freiras que preferiram ser executadas na guilhotina a abandonar seu convento .
Olavo de Carvalho. O Inimigo é um só. Diário do Comércio, 8 de janeiro de 2007. Disponível em: https://olavodecarvalho.org/2007/page/51/
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